AGATHA CHRISTIE | A noite das bruxas

Agatha Christie é mestre em ambientar histórias em datas comemorativas e criar tramas tirando proveito das tradições e costumes da data em questão. Um ótimo exemplo é A noite das bruxas, livro lançado originalmente em 1969 e que traz um mistério envolvido em muitas gostosuras e travessuras. Vem comigo conhecer um pouco mais dessa investigação levada adiante por Poirot com participação especial de Ariadne Oliver.

O enredo de A noite das bruxas

Durante os preparativos da tradicional festa de Halloween do vilarejo, Joyce, uma garota de 13 anos, gaba-se de já ter testemunhado um assassinato. Ninguém lhe dá ouvidos e a festa transcorre entre as brincadeiras típicas até que a diversão é interrompida por um crime. Na festa estava presente Ariadne Oliver, escritora de livros policiais, tida como alter ego da própria Agatha Christie e grande amiga de Hercule Poirot, a quem ela recorre para desvendar o mistério antes que um novo crime aconteça.

As travessuras e gostosuras de Dame Agatha Christie

A noite das bruxas é um belo exemplo de uma história com todos os elementos que Agatha Christie sabe utilizar tão bem. Mestre em colocar uma pista à nossa frente ao mesmo tempo em que desvia nossa atenção para outra coisa, aqui ela exerce esse poder de manipular nosso raciocínio quase com poderes de prestidigitação. As pistas que Poirot vai seguindo até chegar ao veredito final estavam ali, à nossa frente, o tempo todo – mesmo que camufladas de algo sem importância. Cabia a nós apenas nos atentarmos aos detalhes que, como sempre, não passaram despercebidos às pequenas células cinzentas do detetive.

agatha christie
Agatha Christie

A narrativa traz de volta Ariadne Oliver, cuja primeira aparição em um romance de Poirot foi em Cartas na mesa. A escritora auxilia o amigo detetive na investigação em vários momentos. Inclusive, sua predileção por maçãs é responsável por um ponto de virada em A noite das bruxas. Ela também é responsável por algumas das frases mais interessantes do livro.

“Sabe com o que o senhor se parece? … Com um computador. O senhor está na fase da programação. Não é assim que falam? Digo, o senhor alimenta o sistema o dia inteiro e depois verifica o resultado disso tudo” – Ariadne Oliver dirigindo-se a Poirot.

A história de A noite das bruxas traz como uma das personagens principais uma adolescente, o que pode destoar um pouco de outros romances da autora. Ao longo da trama Agatha Christie mostra, pouco a pouco, como o conhecimento de Poirot da mente de uma garota dessa idade é essencial para que ele chegue até a resolução final do mistério.

Como a festa era dedicada aos adolescentes, Joyce não é a única por lá. Isso faz com que a autora traga para a cena comportamentos e atitudes muito peculiares da idade, o que, por si só, já é um grande diferencial de outros livros. Mas Poirot, mais uma vez, é capaz de enxergar por debaixo do pano das aparências.

“As crianças guardam seus segredos e pensam neles” – Hercule Poirot

As células cinzentas em ação

Essa é mais uma história da Rainha do Crime em que o passado tem um papel fundamental no mistério. Poirot vai remexer no passado do vilarejo para chegar até o ponto de entender como fatos pertencentes a outra época impulsionaram uma cadeia de causa e efeito que chegou até o crime atual.

Assim como em outras histórias, Poirot concentra-se em descobrir o motivo do crime. Para o detetive, toda investigação deve partir daí, de se identificar quem teria motivos para cometê-lo. E é por isso que, em determinado momento de A noite das bruxas, ele diz: “A vítima é sempre importante”. Afinal, apenas conhecendo a vítima a fundo é possível determinar quem teria motivos para querê-la morta.

Outro recurso literário utilizado na trama é o que podemos chamar de tique-taque ou contagem regressiva (ticking clock, em inglês). Esse recurso é utilizado para estabelecer um prazo final para algo ser realizado antes que haja consequências graves. Nesse caso, é preciso desvendar o mistério rapidamente antes que haja mais uma morte envolvida.

A noite das bruxas traz também vários plot twists ao longo da narrativa. Quando estamos certos de que estamos o caminho correto, eis que surge algo percebido apenas pela mente afiada de Poirot que coloca por terra as nossas certezas. Um exercício contínuo para manter a mente aberta e preparada para as reviravoltas da Senhora Christie.

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Sobre o Autor

Ronize Aline
Ronize Aline

Ronize Aline é escritora e consultora literária. Já foi crítica literária do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, e trabalhou como preparadora de originais para várias editoras nacionais. Atualmente orienta escritores a desenvolverem suas habilidades criativas e criarem histórias com potencial de publicação.

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