[Guest Post] Como usar RPG para criar literatura

Olá a todos! Estou aqui como convidado da minha querida amiga e também escritora Ronize Aline para falar um pouco da minha experiência de usar RPGs na criação de cenários ficcionais.  Permitam que eu me apresente: sou Marcos Archanjo, escritor, designer e professor universitário e uso os RPGs como ferramenta criativa desde 1988.  Inclusive na sala de aula com os meus estudantes de Design, de Comunicação Social e de Jogos Digitais.

como usar RPG


O assunto é vasto e eu vou focar em dois pontos específicos: a criação de personagens e de cenários.

Personagens

Se você é ou quer ser um contador de histórias NUNCA se esqueça: os personagens são o elo de ligação com o público e serão um sucesso se o(a) leitor(a) se identificar com eles.  São os nossos “alter egos”, que viverão as aventuras, amarão, odiarão, sofrerão e vencerão no final (ou não).  Em outras palavras, “eles” somos “nós”.

Um ótimo recurso para você criar um personagem interessante é a “ficha de personagem”, uma planilha que serve para detalhá-lo bastante em vários aspectos, sejam físicos, emocionais, culturais e/ou mentais.  Isso permite construir alter-egos convincentes e que sejam diferentes das pessoas que jogam os dados.  Não entendeu?  Bem, faça de conta que você é um mago elfo.  É diferente daquilo que você é na realidade, não?  Eu imagino que sim.  Ser alguém capaz de manipular energias mágicas e pertencer a outra raça/espécie vai exigir que você se comporte de maneira diferente daquela que está acostumado, e é aí que as informações da ficha de personagem e do livro básico do jogo ajudam bastante.

Itens como aparência física, capacidades intelectuais, carisma e hábitos culturais oferecem parâmetros sobre como representar o personagem durante o jogo, pois a sigla RPG significa “Jogo de Representação de Papéis”, como se fosse um teatro ou uma brincadeira de faz de conta.  Aliás, é exatamente isso, um faz de conta, só que um pouco mais elaborado e praticado em grupo.

Esses parâmetros ajudam também na hora de construir uma narrativa, caso o objetivo seja produzir uma obra literária.  Como escritor, eu chego a ouvir “as vozes” dos personagens na minha cabeça enquanto escrevo, visualizo as cenas e chego até a transitar imaginariamente por dentro delas em busca do melhor ângulo, da melhor descrição.  Na produção inicial do texto, eu costumo optar por deixar cada um dos personagens falar livremente e depois, na fase da “carpintaria literária”, eu vou polindo, ajustando a narrativa até que ela fique do jeito que mais me agrada.

Cenário

Uma vez que você tenha definido o(s) personagem(ns), o passo seguinte é criar os locais por onde eles transitarão.  Se não quiser depender apenas da imaginação, use mapas reais, plantas baixas e fachadas de locais existentes para compor as áreas de interação.  Isso permite criar desde detalhes bem específicos até cenas inteiras sem ficar limitado pelo seu próprio repertório, num local que pode ser apenas um imóvel, uma pequena vila ou até um mundo complexo, mas que não precisa estar todo definido.  O mapa da Terra Média, de “Senhor dos Anéis”, retrata uma área relativamente grande, com algum detalhamento em certos pontos e muitos espaços vazios, onde podemos encaixar vários tipos de informações e produzir inúmeras cenas.

No Fantapunk, o meu cenário de fantasia steampunk, eu adotei o uso de referências reais como auxílio criativo, principalmente da cidade onde vivo, o Rio de Janeiro.  Quando quero criar alguma coisa mais específica, eu vou até o local, dou uma caminhada e vou observando tudo o que me cerca, depois transfiro as minhas impressões para o meu mundo de faz de conta, dando-lhe mais verossimilhança.

Eu crio e escrevo as histórias do Fantapunk há trinta anos.  Elas começaram como uma ideia para quadrinhos, depois os apontamentos de aventuras de RPG viraram contos de minha autoria e, por fim, um Role Playing Game.  Passei dez anos “brincando de world building” e ao invés de lançar um jogo eu decidi escrever livros contendo diferentes séries de histórias principais e alguns spin-offs que enriqueceriam o cenário.

Hoje eu estou lançando um livro para comemorar duas datas muito importantes para mim: o meu Jubileu de Ouro e os trinta anos de criação do Fantapunk.  Eu havia planejado escrever um livro para me dar de presente e compartilhá-lo com o público, mas à medida que fui organizando a Linha do Tempo do cenário esse livro foi crescendo e se desdobrando em vários outros, que serão lançados no decorrer desse ano e também nos próximos.

o conde de montekristo, cenário Fantapunk de RPG

O Conde de Montekristo – O Construtor de Sonhos é uma série que apresenta os personagens e as tramas principais do cenário, tendo como âncora o homem mais rico do mundo.  O primeiro volume, O Prisioneiro das Trevas, inicia essa narrativa que irá se cruzar com as de outras séries, como Clube das Sombras, cujo primeiro volume, Sete Homens e Um Destino foi lançado no ano passado como uma degustação da narrativa.

Em maio será iniciada outra série, Irmã Sol, Irmão Lua – Al-Tai-Hai, que mostra a revolução cultural nascida na Cidade Maravilhosa tendo como fio condutor a história de duas estrelas mágicas que se transformam em um casal de príncipes musicistas e cantores, que vivem a magia do amor embalada por uma trilha sonora inspiradora com mais de cem músicas.  É isso mesmo, cada livro terá a sua própria playlist.  O primeiro volume, A Alegria do Encontro, será publicado no dia 18 de maio de 2014.

A princípio, todos os lançamentos serão gratuitos, no formato pdf.  Se você quiser conhecer mais sobre esse cenário ficcional que teve o apoio criativo dos RPGs, visite a nossa fanpage no Facebook e o nosso blog.

Baixe o livro gratuitamente

Fanpage: www.facebook.com/FantapunkBrasil
Blog: www.fantapunk.blogspot.com

Eu gostaria de agradecer à minha querida amiga Ronize Aline por esse convite e desejar-lhe muito sucesso.  Obrigado, até a próxima e um beijo do Anjo!

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Sobre o Autor

Ronize Aline
Ronize Aline

Ronize Aline é escritora e consultora literária. Já foi crítica literária do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, e trabalhou como preparadora de originais para várias editoras nacionais. Atualmente orienta escritores a desenvolverem suas habilidades criativas e criarem histórias com potencial de publicação.

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