Autor de A Guerra dos Tronos dá dicas para escrever fantasia

No próximo dia 6 de abril estreia a quarta temporada de A Guerra dos Tronos, a mini-série televisiva que atrai fãs do mundo inteiro  baseada na série de fantasia de mesmo nome criada pelo aclamado autor norte-americano George R. R, Martin. Em uma palestra no Sydney Opera House, na Austrália, Martin falou sobre sua carreira, sua série de livros mais famosa e deu valiosas dicas para aqueles que querem escrever sua própria saga de fantasia. Se você é uma dessas pessoas, então as dez dicas abaixo são exatamente o que você precisa.

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As dicas de George R. R. Martin para quem quer escrever fantasia

1. Não limite sua imaginação

Desde que começou a escrever o primeiro livro da série Martin sabia que queria algo grande e complexo. Segundo o autor, ao contrário do cinema – no qual ele já havia trabalhado anos antes de começar a escrever A Guerra dos Tronos -, onde o orçamento acaba limitando a criação, na literatura não é preciso se preocupar com isso. E, como ele não imaginava que a série viria a ser filmada para a TV, pôde trabalhar livremente nos inúmeros personagens, batalhas, dragões e cenários imensos de que tanto gosta.

2. Use o ponto de vista dos personagens para ampliar o escopo da narrativa

Em histórias com muitos personagens, se escolher o ponto de vista de apenas um deles é muito provável que isso empobreça a narrativa. Martin diz que poderia ter escolhido um ponto de vista onisciente, como se Deus estivesse acompanhando a história, mas preferiu contá-la a partir dos personagens. Assim, cada personagem conta uma pequena parte, aquela que testemunha, e cabe ao leitor juntar tudo e, a partir daí, montar o grande retrato que representa a linha narrativa.

3. Não há problema em “pegar emprestado” da História

Martin cita um conhecido ditado para explicar o que quer dizer: “roubar de uma fonte é plágio, roubar de várias fontes é pesquisa”. O autor disse que, apesar de A Guerra dos Tronos ser um romance de fantasia, foi fortemente baseado na história medieval. Sua principal influência foi a Guerra das Rosas em que, no lugar dos Starks e Lannisters da série, havia os Yorks e Lancasters.

4. Crie pontos de vista críveis

Criar personagens críveis quando se fala em escrever fantasia pode ser um pouco complicado, afinal escritores costumam ser seres humanos, e não fadas, elfos ou anões. Então, como se colocar no lugar desses seres mágicos para saber o que sentem e como pensam? Martin descobriu um elemento comum a todos eles, a despeito de serem personagens de fantasia: a humanidade que carregam em si. O que todos carregam independente da cultura a que pertencem, diz ele, é o desejo de sucesso, amor, prosperidade, terem o comer e não serem mortos. É isso que os torna tão acreditáveis.

5. A tristeza é uma arma poderosa, mas não exagere

Todos nós passamos, em algum momento de nossas vidas, pela morte de um ente querido. E com a morte vem a tristeza, o pesar posterior. Na ficção, há espaço também para a tristeza, diz Martin, mas não exagere no seu uso. O autor aprendeu com sua experiência como roteirista de Hollywood que há um certo limite em trabalhar a tristeza nas narrativas. O público aceita, mas até certo ponto. Depois disso, querem seguir adiante, com novas situações e personagens.

6. Violência deve ter consequências – então não dispense nada!

Se você vai escrever fantasia medieval em que há guerra envolvida, será inevitável que você escreva sobre ela – é o que diz George R. R Martin. Batalhas medievais costumam ser excepcionalmente sangrentas, pois as espadas não estão lá apenas para decoração. As pessoas lutam entre si com pedaços de metal pontiagudo, deixando membros decepados e ferimentos devastadores como resultado. E isso tem que estar lá.

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Livros da série lançados no Brasil

7. Evite os clichês de fantasia

Para Martin, é comum quem gosta de escrever fantasia utilizar os estereótipos do bem e do mal nas histórias. O autor é contrário à ideia de que há sempre uma horda negra cujo objetivo é espalhar o mal sobre a terra e, do outro lado, há os bons que irão tentar impedir que isso aconteça. Segundo ele, na vida real não é assim, por isso ele brinca com esses conceitos ao longo da série A Guerra dos Tronos, tentando mostrar que as pessoas são muito mais complexas do que esses conceitos maniqueístas.

8. Sobre personagens “cinza”

O mundo não é preto e branco, nem as pessoas. Martin sempre se interessou pelos personagens cinzas, aqueles que não poderiam ser definidos como totalmente bons nem totalmente maus. Ele justifica dizendo que até mesmo as pessoas mais odiadas têm alguma característica boa (como Hitler, que gostava de cães) enquanto, por outro lado, é possível encontrar falhas naquelas consideradas exemplos de bondade. Daí a predileção do autor por personagens capazes de feitos heroicos, mas também de egoístas. Entender como isso funciona, diz ele, dá profundidade à sua criação.

9. Lidar com muitos personagens exige habilidade – e sorte

Martin diz que tem pesadelos só de pensar que terá que amarrar todas as pontas soltas da história quando chegar nos dois últimos livros da série. E são tantos personagens para lidar. Diz ele que, às vezes, os personagens têm vontade própria e recusam-se a fazer o que ele quer.

10. Lembre-se: o inverno está chegando

Valar Morghulis – todos os homens devem morrer. O criador de A Guerra dos Tronos acredita que compete à arte e à literatura manter acesa a consciência da mortalidade humana, mas isso não significa impingir uma visão pessimista da vida. Assim como no mundo real, seus personagens estão na história por um curto espaço de tempo. Mas o importante é o amor, a paixão, a empatia, a gargalhada – e até mesmo gargalhar a respeito da morte. O inverno está chegando, mas você ainda pode acender as tochas, beber o vinho e lutar a boa luta.

Fonte: Lifehacker

Se vocês gostou das dicas de George R. R. Martin e quiser conferir como elas funcionam na prática, já são cinco os livros de A Guerra dos Tronos disponíveis no Brasil.

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Sobre o Autor

Ronize Aline
Ronize Aline

Ronize Aline é escritora e consultora literária. Já foi crítica literária do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, e trabalhou como preparadora de originais para várias editoras nacionais. Atualmente orienta escritores a desenvolverem suas habilidades criativas e criarem histórias com potencial de publicação.

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