Erros Comuns ao Usar Narrador em Primeira Pessoa


Escrever uma história com narrador em primeira pessoa traz proximidade com o leitor. É a visão do personagem que está sendo mostrada. Mas é preciso tomar cuidado para não cair em alguns erros que podem comprometer a fluidez do texto. Por exemplo:

1. Começar todas as sentenças com “Eu”.  O narrador em primeira pessoa pode levar os escritores a se concentrarem em ressaltar o personagem narrador, esquecendo outros substantivos. O resultado é uma série de frases repetitivas. FORMA EQUIVOCADA: Eu fugi escada abaixo, o coração batendo forte. Eu podia ouvir o gigante zumbi andando atrás de mim. Adiante, eu podia ver a porta do porão me oferecendo a chance de escapar e me esconder. Eu alcancei a porta, abri com força e mergulhei na escuridão. FORMA FORMA MAIS ADEQUADA: Meu coração batia forte enquanto eu corria escada abaixo. Atrás de mim, conseguia ouvir os passos do gigante zumbi. Um pouco mais à frente, a porta do porão oferecia a chance de escapar e me esconder. Alcancei a porta, abri-a com força e mergulhei na escuridão.

2. “Dizer” o que o personagem está pensando em vez de “mostrar”.  Na narrativa em primeira pessoa, tudo que você escreve vem direto da mente do personagem. Você não precisa esclarecer os pensamentos do personagem colocando-os em itálico ou qualificando-os com uma etiqueta “Eu pensei”. FORMA ERRADA: Eu não conseguia acreditar que isso estava acontecendo. Gigantes zumbis não existem de verdade, existem?, pensei comigo mesmo. Talvez eu esteja sonhando. FORMA MAIS ADEQUADA: Isso não poderia estar acontecendo. Gigantes zumbis não existem de verdade, não é? Talvez eu estivesse sonhando.

3. Inserindo uma longa narrativa em detrimento da ação e do diálogo. A narração em primeira pessoa oferece a tentação de compartilhar com os leitores tudo o que o personagem está pensando. Cuidado com os longos trechos narrativos quando você deveria permitir que a ação e o diálogo transmitissem a história. FORMA EQUIVOCADA:  “O que está acontecendo com você ultimamente?”, Kirsten perguntou. Eu soltei um suspiro. Kirsten não tinha ideia de como minha vida havia se tornado insana. Ela não tinha ideia de que gigantes zumbis – enormes, feios e fedorentos – estavam atrás de mim. [E aí você continuaria com uma longa descrição de gigantes zumbis, vida do narrador, história de amizade com Kirsten etc.]. FORMA MAIS ADEQUADA: “O que está acontecendo com você ultimamente?” Kirsten perguntou. Eu soltei um suspiro. “Você não tem ideia de como minha vida se tornou insana.” Eu joguei minha mochila no armário, lancei um olhar furtivo para cima e para baixo no corredor, então me inclinei para sussurrar em seu ouvido: “Zumbis! Gigantes!” [Aqui você pode inserir um diálogo espirituoso e conflituoso que transmita informações importantes sobre os gigantes zumbis, a vida do narrador, a história de amizade com Kirsten, em vez de longos parágrafos narraativos].

Utilizar um narrador em primeira pessoa pode ser uma maneira empolgante de criar uma história íntima e atraente da qual os leitores não serão capazes de se desviar. Mas cuidado para não tropeçar nesses erros que acabam comprometendo a fluidez da narrativa.

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Sobre o Autor

Ronize Aline
Ronize Aline

Ronize Aline é escritora e consultora literária. Já foi crítica literária do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, e trabalhou como preparadora de originais para várias editoras nacionais. Atualmente orienta escritores a desenvolverem suas habilidades criativas e criarem histórias com potencial de publicação.

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