Câncer, corrida e não desista!

Esse post é um pouco diferente. Nada de dicas de como escrever um bom suspense ou dar dimensão psicológica ao seu personagem. Hoje vou falar sobre algo que vai além da carreira de escritor, mas que tem uma grande influência nela. Você deve ter percebido que estou há algum tempo sem postar. Recentemente fui atropelada pela notícia de um câncer de mama. Sim, atropelada, não há outra forma de descrever. Um câncer é uma situação para a qual a gente não se prepara.

 

Ronize câncer

 

Antes de superar o choque inicial e entender que enfretar um câncer seria mais um desafio entre tantos que enfrentamos na vida, muitas coisas passaram pela minha cabeça. Entre elas, lembrei das coisas que gostaria de ter feito e fui deixando para depois – uma sensação comum a quem passa por situações limites. Mas junto a elas, uma certeza: eu iria superar tudo isso para poder acompanhar o crescimento do meu filho – no momento ele tem 9 anos.

 

Entre as coisas que fui deixando para depois estavam viagens, experiências novas muitas vezes tolhidas pelo medo e tantas histórias que habiam minha cabeça mas nunca tomaram forma de livro. Eu olhava para os meus livros já publicados e pensava: quantos mais poderiam estar por aí? E, não tenho dúvidas de que, além do amor da minha família, a grande motivação para enfrentar o câncer foi a vontade de fazer muito mais, deixar mais pegadas minhas pelo mundo, escrever tantas outras histórias que permanecerão muito além da minha existência.

 

Rô e Nick câncer

 

Ter projetos é a melhor forma de nos manter vivos. Mas transformar esses projetos em realidade é a certeza de que estamos deixando nossa marca no mundo. Um pouco antes de descobrir o meu câncer, eu havia começado a correr. Tinha, inclusive, feito a inscrição para a minha primeira corrida. Quando soube que teria que passar por uma cirurgia para a retirada do tumor e iniciar os exames pré-operatórios, tive que parar de treinar. Pronto, eu tinha mais uma motivação para sair bem dessa: realizar pelo menos uma corrida na minha vida! Percebeu como podemos transformar as dificuldades em motivação?

 

Recebo muitos emails de autores inéditos temerosos de submeterem sua obra a uma editora e receberem um “não”. Mas o “não” todo mundo já tem, certo? Vamos atrás de um “sim”. Meu primeiro livro, o infantil O dono da Lua, demorou nove anos entre ser submetido a diversas editoras e ser editado. E essa não é uma experiência exclusiva minha. J.K. Rowling, que tornou-se famosa e rica com a série Harry Potter, recebeu 12 negativas de editoras antes que a Bloomsbury Publishing resolvesse apostar na autora. Estão torcendo o nariz para Harry Potter? Então deixe-me dar outros exemplos: E o ventou levou, de Margaret Mitchel, foi rejeitado 38 vezes antes de ser publicado e receber o Prêmio Pulitzer; Carrie, a estranha, de Stephen King, foi rejeitado 30 vezes, e Agatha Christie esperou quatro anos para ver seu primeiro livro publicado. E, no caso de Agatha Christie, ela viria a se tornar a romancista de maior vendagem de títulos da história (atrás apenas da Bíblia e Shakespeare), tendo escrito 80 romances policiais e outras tanta coletâneas de contos. Imagine se ela tivesse desistido no primeiro “não” ou então nem enviado seu livro a uma editora por temer uma resposta negativa? (Quer entender o segredo do sucesso de Agatha Christie? Dê uma olhada nesse post).

 

Por isso, cultive sempre novos projetos que o faça ter objetivos para seguir, seja em tempos de tormenta ou de calmaria. E, quando os obstáculos surgirem, que esses sejam transformados em motivação para colocar em prática aqueles projetos há tanto adiados. E o meu câncer?, você pode estar se perguntando. Graças a exames periódicos, descobri o tumor enquanto ele ainda estava em estágio intermediário e não havia se alastrado. Com isso, pude ser submetida à remoção do tumor sem necessidade de perder a mama (Dica bônus: nunca deixe de fazer os exames de rotina, em qualquer especialidade médica, pois isso faz toda a diferença). Depois de passar por um tratamento de radioterapia, voltei à rotina de trabalho e só preciso agora seguir com a medicação e o acompanhamento médico.

 

E o que corrida tem a ver com literatura? Bem, o afamado escritor japonês Haruki Murakami escreveu Do que eu falo quando eu falo de corrida para contar sobre como a literatura e a corrida estão interligadas em sua vida. Em 1982, ele decidiu vender seu bar de jazz em Tóquio para se dedicar à escrita. Na mesma época começou a correr para se manter em forma. Com o tempo ele se transformou num dos autores mais importantes da atualidade, traduzido para mais de 38 idiomas, e também em um experimentado maratonista e triatleta. A obra é uma reflexão sobre a importância da corrida não só na sua vida mas, principalmente, na sua obra. Daí pode-se ver que a motivação pode vir de qualquer lugar. Encontre a sua e não desista!

 

não desista câncer

Ah, eu já voltei a correr e me inscrevi em três corridas, uma delas correndo em dupla com meu filho! E você, quando vai começar a colocar seus projetos em prática?

Conte nos comentários que projetos você vem adiando e que gostaria de ver realizados.

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Sobre o Autor

Ronize Aline
Ronize Aline

Ronize Aline é escritora e consultora literária. Já foi crítica literária do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, e trabalhou como preparadora de originais para várias editoras nacionais. Atualmente orienta escritores a desenvolverem suas habilidades criativas e criarem histórias com potencial de publicação.

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